Somos um povo muito pouco exigente em relação a respeito.
Talvez por havermos nos acostumado a também não respeitar os outros.
Principalmente não sabemos
nos impor como consumidores, colocamo-nos em papel subalterno ao adquirirmos algum bem ou serviço. Em atitude anômala transformamos o fornecedor em semideus que por bondade se digna em determinado momento atender nossa necessidade.
Mas, não deveria ser o
contrário? O fornecedor conseguiria sobreviver sem o consumidor? Não somos nós,
consumidores que sustentamos a economia? Então por que essa atitude de
subserviência?
Creio que é chegada a hora de dar um basta a essa falta de
respeito. Não pensem que é tarefa fácil. Cientes de seu poderio as empresas
prestam um péssimo serviço de pós-venda. Os SAC atendem mal, deixando-nos em
espera a ouvir gravações ou ”musiquinhas”
(não sei o que é pior).Tentam vencer pelo cansaço e já perceberam que a força
está do lado deles, que não têm nada a perder. Já receberam pelo mau serviço
prestado.
Como todos, também já me senti lesada, algumas vezes por
mau atendimento, outras por produtos que não atendiam a minhas expectativas e
também pela péssima assistência técnica de oficinas autorizadas. Não poucas
vezes desisti ante as dificuldades em receber respostas nas reclamações. No
intuito de me apaziguar ante tanta frustração tentava me convencer que o mesmo
acontecia a todos, era portanto "normal".
Resolvi no entanto dar um basta.
Após enviar várias
mensagens ao canal competente de uma empresa de renome, sem que obtivesse ao
menos uma desculpa deslavada, virei minha artilharia para uma das redes
sociais.
Não em uma ocasião qualquer. Esperei por um evento importante, de
repercussão nacional que a empresa iria participar para demonstrar minha insatisfação. Não foi fácil,
diante de meu primeiro comentário, tentaram me desacreditar afirmando que eu havia enviado o endereço de e-mail
incorreto, depois usaram a desculpa que meu número de telefone estava errado ou
que ninguém atendia.
A cada alegação
deles respondia ,dando minha versão,
sempre publicando no perfil para que todos tomassem conhecimento. Contra
meus próprios princípios tive que ser ríspida e temo que até grosseira e com
pesar digo, só assim me atenderam.
Infelizmente as empresas estão tão acostumadas a reinar
soberanas que a primeira desculpa que me deram foi que terceirizavam a produção
e portanto não sabiam o que tinha acontecido errado. Tentaram utilizar a tática do “ se der certo fui eu quem fiz, se errado não me responsabilizo”. Não conseguiram
me convencer e mudaram de atitude. O jogo virou, fui eu quem os venci pelo
cansaço.
Propuseram a troca da mercadoria por outra a minha
escolha, o que se concretizou, mas me deixou um gosto amargo de “ será que
valeu a pena tanto trabalho?” Valeu,
nessas questões não se pode levar em conta apenas o custo monetário, mas também
o aspecto moral resultante de nossa
atitude. De qualquer maneira quem quiser seguir pelo mesmo caminho tem que se
preparar para insistir e muito até obter seus direitos.
Não deveria ser assim. O certo é que fosse atendida na
primeira reclamação , entendessem a
minha insatisfação como “feedback” e teriam uma
ferramenta a mais para aprimorarem seu produto.
Ao mesmo tempo me pergunto – de quem é a culpa dessa
inversão de valores? É claro que nossa.
Ao nos transformarmos em consumidores
tão ávidos, em detrimento do bom senso, abdicamos do nosso direito de
exigir eficiência e eficácia.
E a quem cabe mudar? A nós mesmos. O momento agora é de mostrar que temos consciência de
nossos direitos e que eles devem ser respeitados . Gritar nossa insatisfação
aos quatro ventos , contaminar outros consumidores para que juntos possamos
mudar essa visão tão deturpada de nossos empresários e levá-los a nos respeitar
antes que seja tarde demais.
Ana Odette Danin
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